terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Malangatana regressa a Moçambique

O corpo do artista plástico Malangatana, falecido há seis dias, seguiu hoje às 18:05 num voo comercial de Lisboa para Moçambique, onde deverá ser enterrado.

Acompanham a urna os familiares do pintor falecido aos 74 anos, às 03:30 do dia 5 no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos (Portugal), vítima de doença prolongada, segundo a direcção do hospital, e também o embaixador de Moçambique em Lisboa.

O avião que transporta o corpo do pintor chega a Maputo cerca das 09:20 de quarta-feira (07:20 em Lisboa) e no local serão prestadas as primeiras homenagens a Malangatana, com música e danças.

De acordo com fonte familiar, o corpo segue depois para a casa onde o artista vivia em Maputo, perto do aeroporto, onde haverá uma cerimónia restrita.

Ainda na manhã de quarta-feira a urna será levada para o edifício da Assembleia Municipal (Câmara Municipal), onde Malangatana será homenageado publicamente, devendo depois o corpo ser levado para Matalana, sua terra natal, a cerca de 40 quilómetros de Maputo.

Ao longo de todo o dia de quinta-feira vão decorrer no local homenagens ao pintor, quer com danças e cantares quer com poemas e outras formas de expressão artística.

Na manhã de sexta-feira será realizado o enterro, com honras de Estado e com a presença do Presidente de Moçambique, Armando Guebuza.

Em Portugal o pintor foi homenageado no Porto, dia 6 na Fundação Portugal-África, tendo no dia seguinte sido trasladado para Lisboa onde foi velado no Mosteiro dos Jerónimos.

No antigo refeitório dos frades Jerónimos decorreu uma sessão oficial em que a ministra da Cultura de Portugal, Gabriela Canavilhas sublinhou o contributo artístico e como cidadão de Malangatana.

Malangatana Valente é "um ícone nacional [de Moçambique], mas também Portugal reconheceu o carácter emblemático da sua obra", disse a ministra que referiu ser "um modelo de cidadania activa, mas pacificadora".

Malangatana Valente Ngwenya, nascido a 6 de Junho de 1936, em Matalana, Maputo, fez do português a língua da sua criação artística, salientou na altura o embaixador de Moçambique em Lisboa Miguel Costa Mkaima.

Como pintor, o artista moçambicano cuja arte se estendeu à cerâmica, escultura, tapeçaria ou gravura, “fazia uma pintura que era só dele, não precisando que ninguém lha ensinasse ou a interpretasse”, disse Pancho Guedes que lhe deu o primeiro espaço para se dedicar à pintura.

O escritor Mia Couto afirmou que Malangatana era o embaixador permanente da cultura moçambicana. E também da Lusofonia, acrescente-se.

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