quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

"Aumentos brutais" dos custos da vacinação em Portugal

O novo bastonário da Ordem dos Médicos de Portugal afirmou hoje que os "aumentos brutais” dos custos das vacinas internacionais pode levar as pessoas a “fugir” da vacinação, aumentando os riscos de contrair doenças e pondo em causa a saúde pública.

Quem for vacinar-se contra a febre amarela, a encefalite japonesa, a febre tifóide, a meningite tetravalente e a raiva vai ter de pagar uma taxa que pode custar 50 ou 100 euros, um valor que era inferior a um euro.

Em entrevista à agência Lusa, José Manuel Silva – eleito na quarta-feira à noite bastonário da OM – reconheceu a necessidade de “adequar um bocadinho os custos do serviço público à realidade, mas nunca com estes aumentos brutais e nunca podendo pôr em causa a própria saúde pública”.

“A partir do momento em que houve estes aumentos brutais do custo da vacina, ainda por cima quando estão associados a constrangimentos económicos a todos os níveis para as famílias, isso vai fazer com que haja pessoas que possam tentar fugir à vacinação e aumentar o risco de contrair doenças”, alertou o médico internista.

A contração dessas doenças “vai depois aumentar os custos para o sistema nacional de saúde”, frisou.

“Estes aumentos devem ser ponderados e os problemas económicos do país não se podem resolver à custa dos doentes e muitos menos à custa da saúde pública”, salientou o professor da Faculdade de Medicina de Coimbra.

Na semana passada, a ministra da Saúde, Ana Jorge, explicou que a atualização das taxas de saúde pública serve para defender a gratuitidade do Serviço Nacional de Saúde.

“Aquilo que eu defendo é que algumas das medidas são feitas exatamente para que o Serviço Nacional de Saúde para os portugueses continue a ser como é, tendencialmente gratuito. Por isso, temos de o gerir bem e saber o que é que é possível e necessário”, disse a ministra.

Segundo Ana Jorge, o aumento das taxas das vacinas internacionais, por exemplo, é uma atualização face ao que já acontece noutros países europeus como a Inglaterra, a França ou a Espanha, tratando-se de uma medida que afeta somente uma pequena faixa da população que viaja para determinados países.

A ministra explicou que este processo é “complexo”, uma vez que exige um boletim de vacinação especial e consultas com enfermeiros, não se tratando somente do custo em si da vacina.

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