domingo, 6 de fevereiro de 2011

Eleições legislativas hoje em Cabo Verde

As assembleias de voto para as legislativas em Cabo Verde abriram às 8: horas locais, e a jornada eleitoral regista já o primeiro caso, com o principal partido da oposição a recusar utilizar o equipamento digital para transmissão de dados.

Em comunicado assinado pelo seu director de campanha, José Tomás Veiga, o Movimento para a Democracia (MpD) manifesta a sua "firme oposição" à utilização do equipamento distribuído pelo Núcleo Operacional para a Sociedade de Informação (NOSI), departamento tutelado pelo governo cabo-verdiano.
"O MpD sempre foi favorável a inovações e utilização das novas tecnologias de informação. Contudo, o MpD manifesta sua firme oposição à utilização do referido equipamento nas presentes eleições legislativas", lê-se no comunicado assinado por José Tomás Veiga.
Deste escrutínio podem antecipar-se duas certezas. Uma é que a bipolarização, que desde a realização das primeiras eleições multipartidárias, em 1991, tem sido sucessivamente repetida, voltará a ser uma realidade.
A segunda certeza é que o futuro primeiro-ministro será um dos dois que nos últimos 20 anos liderou o governo cabo-verdiano: José Maria Neves, líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde e primeiro-ministro desde 2001, ou Carlos Veiga, presidente do Movimento para a Democracia e que ocupou o cargo entre 1991 e 2000.
Os dois partidos têm-se alternado no poder e um dos aliciantes destas eleições é saber até que ponto a União Cabo-Verdiana Independente e Democrática pode voltar a intrometer-se entre PAICV e o Movimento para a Democracia (MpD), como fez em 2006, quando elegeu dois deputados.
Os outros dois partidos concorrentes às legislativas de hoje são o do Trabalho e Solidariedade e o Social Democrata.
Outro aspeto a ter em conta na eleição de hoje é a abstenção, que em 2006 foi de 45,82 por cento.
Quanto à recusa na utilização  de o equipamento digital para transmissão de dados, as  razões invocadas são a falta de aprovação da Comissão Nacional de Eleições (CNE), a falta de testes e as dificuldades que os membros das mesas de voto terão sentido no manuseamento dos referidos equipamentos.
Perante aquelas razões, o MpD considera que a utilização do equipamento é "contraproducente", e pode "provocar confusão na transmissão dos dados finais", pelo que recomendou aos seus delegados e a todos os elementos das mesas de voto para que não utilizem o referido equipamento.
Segundo disse à Lusa o gestor do NOSI, Jorge Lopes, foram distribuídos cerca de 800 equipamentos digitais - vulgares 'tablet', género iPad -, e à medida que os resultados da votação eram concluídos nas assembleias de voto, o presidente e os demais membros depois de introduzirem e validarem os dados, enviá-los-iam para o sistema central.
O procedimento permitira conhecer entre uma hora e hora e meia após o fecho das assembleias de voto o vencedor das eleições legislativas.
Em reação à recusa do MpD, o PAICV, no poder, também em comunicado de imprensa, afirma "estranhar" e "condena" o que chama de "posição de última hora" da oposição.
"Este dito por não dito não só revela a intenção do MpD em não facilitar o anúncio atempado desses resultados, como em perturbar o normal funcionamento do processo eleitoral. Tal recuo de posição, através de argumentos frágeis e que não procedem, faz aumentar a desconfiança da opinião pública e de todos os partidos políticos em relação às manobras desse partido adversário no período que antecede ao voto", lê-se no comunicado do PAICV.
Ontem, dia de reflexão e numa mensagem dirigida a todos os cabo-verdianos, o Presidente da República, Pedro Pires, apelou à tolerância dos cabo-verdianos e à aceitação dos resultados eleitorais das legislativas de hoje, pedindo que exerçam o direito de voto.
Depois de recordar que as legislativas constituem a décima consulta pluripartidária em Cabo Verde, pelo que as eleições já não são novidade, Pedro Pires acentuou o facto de os cabo-verdianos saberem gerir da melhor forma os resultados eleitorais e respetivas consequências.
Na sua mensagem, Pedro Pires convidou os partidos concorrentes a aceitarem com "fair-play e sentido de futuro" os resultados eleitorais.

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