segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Governador do Banco de Moçambique defende renegociação de contratos com multinacionais

O governador do Banco de Moçambique, Ernesto Gove (foto), defende a renegociação dos contratos com as multinacionais, alertando para o risco de "tensões sociais", caso o país não tire benefícios dos grandes investimentos.

As isenções fiscais e o regime de repatriamento de lucros concedidos às multinacionais que operam no país têm sido muito contestados por influentes economistas do país, mas o governo moçambicano tem se escudado na credibilidade do país para recusar a renegociação dos acordos com os mega projectos.

Num posicionamento público inédito por um dirigente moçambicano, o governador do Banco de Moçambique declarou que "no investimento, todos têm que ganhar, de outra forma são tensões sociais que se criam".

Falando na província de Inhambane, sul de Moçambique, durante uma reunião do Conselho Consultivo do Banco, Ernesto Gove observou que o país deve ter capacidade e argumentação técnica para renegociar, sem que se instale a instabilidade e a imprevisibilidade legislativa.

"Não é para fazer hoje a lei e amanhã mudar, não é isso que estamos a dizer. Há condições económicas e sociais que podem levar a repensar sobre aquilo que fizemos há 10 ou 15 anos. É preciso avaliar a participação efectiva dos moçambicanos na exploração dos grandes projectos", enfatizou o governador do Banco Central moçambicano.

Ernesto Gove advogou igualmente a necessidade de o país aproveitar as mais-valias dos recursos naturais explorados pelas multinacionais por entender que a exportação de matérias-primas impede o país de arrecadar mais ganhos.

Dezenas de multinacionais estão envolvidas na pesquisa e exploração de hidrocarbonetos no país, principalmente carvão.

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